data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
O frio já chegou e o inverno já começa a dar às caras em todo o Rio Grande do Sul. Com condições climáticas desfavoráveis - previsão de temperaturas abaixo dos 10°C ainda para esta semana -, os problemas respiratórios tendem a se agravar nesta época do ano.
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Somado a isso, o fato de que as pessoas permanecem mais em ambientes fechados contribui para a proliferação dos vírus respiratórios de forma geral, aumentando as chances de transmissão. Neste ano, a preocupação aumenta em função da pandemia do novo coronavírus.
- As doenças crônicas são muito influenciadas pela mudança climática e isso só já exacerba esses fatores. O paciente com problemas respiratórios crônicos tem que tomar muito mais cuidado com essa oscilação climática e tentar fugir de ambientes fechados. Nesses locais existe uma concentração muito grande de partículas virais que podem piorar essas doenças com a inalação desses vírus. Portanto, ambientes fechados devem ser evitados. E tem que abrir a janela, sim - ressalta o médico pneumologista Rogério Fabra.
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Para o especialista, pessoas que já possuem histórico de doença crônica, como rinite, asma, bronquite, enfisema, doença pulmonar obstrutiva crônica, fibrose pulmonar, têm de fazer a vacina da gripe, disponível na rede pública e na privada. Além dessa, outra imunização indicada para pacientes com problemas respiratórios é a vacina pneumocócica, que protege contra doenças graves causadas pela bactéria pneumococo, como pneumonias e meningites.
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E mesmo para quem não tem doenças respiratórias crônicas, os cuidados devem permanecer. Uma alimentação adequada protege o organismo. Além disso, as medidas de prevenção já adotadas precisam ser seguidas neste período.
- A gente está vendo agora que na era da Covid-19 as pessoas estão tomando várias precauções. Até outras viroses respiratórias estão ficando escassas, porque as pessoas estão se cuidando, usando máscaras, lavando a mão, tirando o sapato antes de entrar em casa, e tudo isso serve para que a gente não pegue as outras doenças virais - destaca Fabra.
O ar-condicionado também precisa estar limpo, porque pode armazenar fungos e bactérias que, caso inalados, aumentam os casos alérgicos. O médico infectologista Fábio Lopes Pedro afirma que a prevenção é contínua com medidas que já vinham sido adotadas.
- Permanecem as mesmas medidas, nenhuma coisa nova - fala.
A opinião da médica infectologista Jane Costa é semelhante. A doutora explica que o principal deve ser manter a ventilação em espaços fechados e evitar aglomerações. Segundo a doutora, aquecedores não são adequados.
- Os cuidados continuam o mesmo. As pessoas têm que ter ventilação, evitar ar-condicionado e usar mais roupa. Aquecedor é ruim pelo ambiente fechado - defende a diretora clínica do Hospital de Caridade Dr. Astrogildo de Azevedo.
TELEMEDICINA
A orientação de médicos e da Secretaria de Saúde municipal é que as pessoas evitem sair de casa e procurem os serviços de telemedicina em Santa Maria - Lauduz, Disque Codiv ou Alô Doutor - em caso de suspeita ou de sintomas respiratórios, como tosse seca, falta de ar, febre e dor de garganta.
Caso não seja possível, a indicação é procurar uma unidade de saúde mais próxima de casa, que possuem um sistema de triagem para atendimento desses casos.
- Chegando na unidade, se o paciente apresenta sintoma respiratório, ele recebe uma máscara e vai para uma sala específica onde é feito esse atendimento e ele é feita a notificação à Vigilância como síndrome gripal - explica o secretário de Saúde, Guilherme Ribas.
Em Santa Maria, a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) 24 horas é referência para o atendimento de pacientes com sintomas respiratórios e casos suspeitos de Covid-19. O Pronto-Atendimento (PA) do Patronato e o PA Ruben Noal, no Bairro Tancredo Neves, são referência para casos clínicos não-Covid.
Para o pneumologista Rogério Fabra, a telemedicina é uma novidade que veio para ficar, mas que não pode substituir uma consulta com especialista.
- A maior queixa de todos os pacientes é de que o médico não olha, não examina direito. Na telemedicina a gente não vai tocar no paciente, não vai enxergar a lesão, não vamos saber o que está acontecendo. Mas no momento como esse que estamos vivendo ela é fundamental. Mas mais para o acompanhamento do que para o diagnóstico - aponta.
ISOLAMENTO
O médico e presidente da Associação Riograndense de Infectologia, Alexandre Vargas Schwarzbold, concorda com os colegas na permanência dos cuidados preventivos. Entretanto, ele lembra que pessoas com deficiências pulmonares crônicas, cardiovasculares e idosos devem priorizar o isolamento como forma de prevenção.
- Ainda mais nos dias mais frios, chuvosos, úmidos, esse grupo tem que evitar sair de casa. A noção do "fique em casa" é ainda mais precisa agora. As pessoas idosas e com essas questões clínicas devem pedir para alguém substituí-las em serviços como ir ao mercado, farmácia, etc. - orienta.
Schwarzbold pondera que as demais pessoas vão acabar saindo para o trabalho, mas devem se cuidar como em todo inverno.
- Essa é a única situação que talvez eu compararia com qualquer inverno. O rigor tem que ser igual no cuidado em relação à temperatura. O que muda aqui é que as pessoas têm que ter um rigor respiratório maior com o outro. Aí vem a noção da máscara - comenta.
O uso do equipamento de proteção, contudo, deve ser adequado. O médico lembra que a máscara pode perder a eficiência se for mal utilizada.
- Se você não tem uma pessoa do lado, você está umedecendo a máscara e fazendo com que ela perca sua capacidade de filtrar. O uso deve ser em locais como mercados, comércio, bancos? onde você tem a possibilidade de ter circulação de ar infectado entre pessoas. Dentro do carro, sozinho, por exemplo, não precisa estar com a máscara. Com a umidade do inverno, a gente tende a respirar mais ainda e, por conta da máscara pressionando, acabamos umedecendo mais ela - explica.
*Colaborou Leonardo Catto